O
fim último de toda a atividade plástica é a construção.
Adorná-la era, outrora, a tarefa mais nobre das artes plásticas,
componentes inseparáveis da magna arquitetura. Hoje elas se encontram
numa situação de autossuficiência singular, da
qual
só se libertarão através da consciente atuação
conjunta e coordenada de todos os profissionais. Arquitetos, pintores
e escultores devem novamente chegar a conhecer e compreender a estrutura
multiforme da construção em seu todo e em suas partes; só
então suas obras estarão outra vez plenas de espírito
arquitetônico que se perdeu na arte de salão.
As antigas escolas de arte foram incapazes de criar essa unidade, e como
poderiam, visto ser a arte coisa que não se ensina? Elas devem
voltar a ser oficinas. Esse mundo de desenhistas e artistas deve, por
fim, tornar a orientar-se para a construção. Quando o jovem
que sente amor pela atividade plástica começar como antigamente,
pela aprendizagem de um ofício, o "artista" improdutivo
não ficará condenado futuramente ao incompleto exercício
da arte, uma vez que sua habilidade fica conservada para a atividade artesanal,
onde pode prestar excelentes serviços.
Arquitetos, escultores, pintores, todos devemos retornar ao artesanato,
pois não existe "arte por profissão". Não
há nenhuma diferença essencial entre artista e artesão,
o artista é uma elevação do artesão, a graça
divina, em raros momentos de luz que estão além de sua vontade,
faz florescer inconscientemente obras de arte, entretanto, a base do "saber
fazer" é indispensável para todo artista. Aí
se encontra a fonte de criação artística.
Formemos, portanto, uma nova corporação de artesãos,
sem a arrogância exclusivista que criava um muro de orgulho entre
artesãos e artistas.
Desejemos, inventemos,
criemos juntos a nova construção do futuro, que enfeixará
tudo numa única forma: arquitetura, escultura e pintura que, feita
por milhões de mãos de artesãos, se alçará
um dia aos céus, como símbolo cristalino de uma nova fé vindoura.
Walter Gropius
Weimar,
Abril de 1919
Tradução: Hilde Engel, Willy Keller, Nice Rissone e Edgar Welzel
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